Um jardim em Portalegre.


No Rossio de Portalegre mesmo à entrada da cidade há um jardim, há um ano atrás quando visitei aquela cidade Alentejana fiquei surpreendido com este belo jardim. É relativamente pequeno, mas tem uma área de relvado bastante aprazível e bastante bem cuidada e que alem do mais até é um jardim com flores, algo que agora é coisa bastante rara em terras lusas... já que também aos jardim a crise chegou forte e, aquilo que em outros países é algo aceitável; um jardim com flores, em Portugal a relva e alguns (poucos) arbustos, substituíram as plantas com flor e as árvores, que parecem não caber no orçamento dos diversos programas polis que tem desfilado, e alguns muito bem, por esse país fora. Contudo um pouco mais atenção e requinte é necessário a quem tem projectado os novos jardins de Portugal, os jardins fizeram-se para apreciar a diversidade vegetal e plantar grandes extensões de monótonos e dispendiosos relvados não é coisa inteligente.

Continuando com o Jardim do Rossio em Portalegre, há a destacar então os magníficos canteiros de plantas do género Viola, ou como entre nós este cultivar é mais conhecido, de amores-perfeitos, que eram de varias cores e apresentavam um lindíssimo espectáculo a que poucos se mostravam indiferentes.

Mas o que há realmente a destacar neste jardim é o Plátano Gigante de Portalegre. Esta árvore que foi plantada em 1848, pelo botânico Dr. José Maria Grande, junto a uma linha de água, tem hoje o tronco em grande parte soterrado, em virtude dos aterros sucessivos para nivelamento do actual arruamento (Av. da Liberdade).

É uma árvore considerada de interesse público por decreto publicado em "Diário do Governo". Do tronco que presentemente é muito curto, com 5, 26 m de P.A.P., saem inúmeras pernadas que formam uma copa larga e densa, com 27 m. de diâmetro. Plantado ao acaso conjuntamente com outras árvores, cuja sorte foi efémera, este plátano vingou e continua a desafiar o tempo, quem sabe se por mais um século ou dois.
Sob a sua frondosa copa muitas coisas se têm passado através dos tempos. Nos tempos da política regeneradora-progressista, esta gigantesca árvore serviu para proclamar os vencedores das lutas eleitorais da época, que aqui hasteavam a sua bandeira. Mas houve um dia em que o Plátano foi condenado à "morte", chegando a serrar-se o seu tronco até ao meio. Mas o povo portalegrense, orgulhoso de tão belo "monumento" revoltou-se e não permitiu que se chegasse a concretizar o "crime".

É a mais antiga árvore classificada de interesse público portuguesa, registada a 28 de Agosto de 1938. Sendo caso para dizer que este magnifico Plátano é quase um milagre em terra de gente que pouco sabe preservar e muito menos o seu património vegetal.

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