Regresso ao Jardim

Phomis italica, Erysimum 'Bowls's Mauve', Stachys, Centranthus e Nassella tenuissima

Regresso ao jardim e é Maio que me recebe. Um Maio que pareceu longínquo mas, que se concretizou em flor perante um certo espanto de quem viveu vários meses longe do jardim e dele esperava pouco. No entanto, o jardim parece ter-se feito sozinho, tal como se espera da natureza, que se faz a si própria ao sabor das estações e quando chega a Maio desabrocha em plena floração. Assim encontrei eu o jardim cheio das cores de uma primavera avançada, quase a tocar o Verão.    

Fez-se sozinho? Não completamente. A minha mãe ficou encarregue de regar o jardim e teve que o fazer com alguma frequência pois o ano foi seco e assim o exigiu. Mas, no geral a natureza seguiu o seu rumo, deixando-me de certa forma em calma por assim ser. A maioria das plantas parece estar no sítio certo e em conformidade com as condições físicas do jardim.  

O crescimento em Maio é ainda tenro mas, já quase a atingir a plena floração temos RosaStachys e as Phlomis, em avançada floração as Aquilegia e Centranthus. A começar agora estão as Hemerocallis, Penstemon e Salvia. Embora em diferentes estádios de progressão, todas estas plantas concorrem para a época de floração especial que se vive em Maio.  

Penstemon 'Andenken an Freidrich Hahn'

Frente do jardim e zona mais exposta

Salvia microphyla 'Pink Blush'

Verbascum thapsus, Nigella, Arruda, Artemisia e Rosa 'Mon Jardin et Ma Maision' 

Phlomis tuberosa

Verbascum 'Banana Custard' / Cistus x skanbergii / Nigella / Phlomis tuberosa

Aquilegia 'Mckana Hybrid', Nigella e Kniphofia

E na primeira metade de Maio, no meu jardim, são as aquilegias as estrelas entre as vivazes. Formam maciços de flores que esvoaçam sobre os canteiros e a sua forma peculiar é por si só motivo de interesse. Maio podia ser o mês das Aquilegia, tal a importância que lhes dou nesta altura do ano e foi com a intenção de as fazer brilhar, que no ano passado, plantei um conjunto grande destas plantas. O objectivo era ter grupos que se destacassem , tal como veio a acontecer.

Como disse, a Aquilegia tem uma flor incomum e que influenciou no nome do género, a palavra "Aquilegia" tem origem no latim para águia (aquila) segundo dizem, porque as suas flores lembram as garras de uma rapina mas, não deixa de ser curioso que um dos nomes comuns para esta planta se refira a outra ave bastante diferente: a pomba. "Erva-pombinha" em Portugal ou em inglês "columbine", porque as pétalas abertas lembram um grupo de pombas, isto nas variedades mais vulgares, porque a forma dobrada da flor presente na serie "Barlow" , por exemplo, afasta-se bastante desta forma básica que encontramos nas comuns Aquilegia chrysantha, ou nos híbridos "McKana".   


Aquilegia chrysantha, A. alpina e Aquilegia 'Black Barlow'

Aquilegia 'Black Barlow' e Aquilegia 'McKana Hybrid' 

Aquilegia chrysantha e Penstemon 'Andenken an Freidrich Hahn'

Aquilegia alpina e Aquilegia chrysantha 

Uma das aquilegias que tenho há mais anos são as fantásticas Aquilegia alpina, fácil de manter e com flores de um azul forte, é uma planta em que se pode confiar quando se chega a Abril e Maio. Aquilegia alpina é também muito fácil de propagar por semente, todos os anos aparecem varias espalhadas pelo jardim, aliás todas as aquilégias são fáceis de propagar por semente, embora haja um senão associado a uma certa promiscuidade de cruzamentos entre as diferentes variedades. E quando se cultivam aquilegias no jardim aberto como eu, corre-se o risco de se perder as variedades originais e acabar-se com muitos cultivares intermediemos, por isso, é preciso ter atenção e separar as plantas que queremos manter, plantando-as em grupos afastados. 

Não há grandes segredos no que toca ao cultivo da Aquilegia, não é nada exigente, embora prefira a sombra media, entre árvores de folha caduca, um solo fresco e com boa drenagem, a Aquilegia é bastante adaptável e consegue sobreviver bem mesmo em situações mais expostas, apresentando até um grau considerável de tolerância à secura.   

Eu prefiro os cultivares de grande porte, mas existe uma grande variedade de tamanhos, desde as pequenas A. canadensis ou as japonesas A. flabellata que são bastante usadas noutros países, sobretudo em jardins rochosos, até às desejáveis Aquilegia atrata oriunda da Áustria e Itália, esta já com um porte considerável, podendo atingir os 80 cms de altura. Muitos híbridos da Aquilegia vulgaris são também de grandes dimensões e a 'William Guinness' é um dos meus preferidos.

Rosa "Charles de Mills", Aquilegia chrysantha, Centranthus, Digitalis purpurea

 Geranium albanum, Nigella damascena e Centhrantus ruber

Phlomis italica

Centranthus, Phlomis fruticosa, Stachys lanata, Nassella tenuissima

Verbascum thapsus, Centranthus, Nigella dasmacena

Erysinum 'Bowls Mauve'

Nassella tenuissima, Phlomis fruticosa

Cotinus "Royal Purple", Nassella, Stachys

Mas em Maio vive-se já a antecipação do Verão. Nos canteiros mais expostos tenho plantas resistentes à secura, que necessitam de pouca rega e de um solo bastante drenante nos meses de invernia. É aquela parte do jardim que menos me preocupa durante todo o ano, que tem as plantas menos exigentes mas, que mais alegrias me dão quando os meses se tornam quentes e os dias longos. Esta área do jardim voltada a Sul e quase sem sombra, tem interesse textural durante quase todo o ano mas, é chegando a Maio que começa verdadeiramente a brilhar: de repente as combinações de flores e justaposições começam a fazer sentido e a levantar a moral de todo o jardim.

É nesta zona mais seca que tenho outra das plantas que se destacam em Maio: as Phlomis. A minha colecção de Phlomis é ainda pequena mas, são já das plantas que mais me interessam e tal como as Aquilegia, possuem flores bastante diferentes e peculiares.  

Phlomis pertencem à família das mentas, podem ter porte herbáceo ou arbustivo e possuem uma haste floral bastante característica que a tornam distintas entre as lamiáceas: as flores estão organizadas em grupos de voltas, circundando o caule e são acompanhadas sempre por brácteas que muitas vezes são semelhantes às folhas basais, dependendo das espécies. A presença das brácteas e os diferentes andares de flores na haste floral, dão o tal aspecto peculiar que a mim me chama à atenção e que, penso, tornarem a planta especialmente atractiva. 

O cultivo da Phlomis não podia ser mais fácil em Portugal: leve as de origem mediterrânea e as autóctones para as áreas sujeitas a maior exposição solar e elas vão agradecer com uma longa época de interesse. A ressalva vai para as P. tuberosa e P. russeliana que preferem uma zona de transição com solo mais rico e mais um pouco de sombra.   

Phlomis e Aquilegia dão sempre espectáculo em Maio e fizeram-no mais uma vez este ano, mesmo a tempo do meu regresso. Estas são duas plantas de famílias bem distintas mas que, por razões diferentes, se destacam neste mês de acelerada transição para a estação estival. 

Maio de 2017

http://www.telegraph.co.uk/gardening/howtogrow/3299601/How-to-grow-aquilegia.html
http://flora-on.pt/#/1aquilegia
https://www.rhs.org.uk/Plants/12700/Phlomis-fruticosa/Details

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