Olhar Fevereiro

O Jardim de Primavera em Fevereiro

Fevereiro com um prenuncio de Primavera e ainda a Luz do final do Inverno, inventa para si um peculiar conjunto de florações no jardim: bravas flores que enfrentam a transição para a estação vernal sujeitas a amuos constantes de um mês que tanto apresenta os maiores rigores, como por vezes, um ameno e cálido despertar primaveril.  Batem-se por Fevereiro os resilientes Helleborus ao lado dos gentis Galanthus e Leucojum, todos gracejando os caminhos do meu jardim e ao mesmo tempo lançando intriga sobre o visitante mais incauto. Aquele visitante que olhando as plantas do meu Fevereiro se questiona sobre a sua origem, a sua natureza ou a estranheza das suas flores - é que tanto Galanthus como Helleborus são plantas pouco comuns nos jardins portugueses e formam uma associação que será por muitos posicionada tipicamente mais a Norte, nos jardins da Europa Central. A Primavera portuguesa está muito mais tingida de amarelos, como o amarelo dos autóctones Narcissus e plantas como estas causam ainda uma certa estranheza. 

Helleborus 'Shades of Night' em primeiro plano

Helleborus' walk / Galanthus elwesii / G. elwesii / Galanthus woronovii

Galanthus nivalis / Galanthus plicatus

     

 Início de floração das Galanthus nivalis

Helleborus x hybridus 'Harvington Double Purple'

Prespectiva do Spring garden em Fevereiro 

 Fevereiro na Helleborus'walk

 Mais Galanthus nivalis com Cyclamen coum

 Iris unguicularis / Crocus tommasinianus / Narcissus tazetta subsp. tazetta

Viola odorata 'Queen Charlotte'

 Leucojum aestivum

Helleborus 'Pretty Ellen' / Helleborus 'Conny'

 Helleborus 'Yellow Lady' e Primula vulgaris

Mas, nada há de aberrante em cultivar Helleborus no nosso clima, apreciam o nosso frio mais suave e aguentam bem o calor do Verão, desde que lhes seja dado alguma sombra. São plantas com um certo grau de tolerância aos rigores do Estio, sobretudo quando plantados num solo com boa proporção de matéria orgânica e sob a copa de caducifólias, por exemplo. Nesta situação, a perspectiva é de um progressivo bem estar para a planta e ao longo dos anos pode-se vir a conseguir uma colónia de Helleborus saudável e bem estabelecida. Com o passar do tempo, um conjunto de Helleborus bem instalado, vai requerer poucos cuidados para além das regas mais regulares durante os golpes de calor.    

É já conhecido e quase um clássico de jardim, o quanto as Helleborus vão bem com Galanthus, talvez porque ambas as flores apresentem um perianto flectido, de face voltada ao chão, que dá um carisma especial a ambas as plantas. Mas, ainda é com o pé atrás que falo de Galanthus, ainda são uma introdução recente no meu jardim e estou a tentar perceber melhor como as cultivar no nosso clima. No entanto, os primeiros resultados são encorajadores e já me parece que não vou conseguir passar sem estas pequenas Amaryllidaceae nos próximos anos. É que quando se prova da sua delicadeza subtil, vamos querer mantê-los por perto durante muitos e bons anos. 

Aposto nos Galanthus elwesii como melhor proposta de cultivo para o nosso clima, mas as Galanthus nivalis não me desiludiram e neste segundo ano no jardim, parecem regressar com mais vigor, trazendo mais flores a provar isso mesmo. As Galanthus reginae-olgae têm um espectro de distribuição mais meridional e por isso seria também uma aposta natural para o nosso país. Outras que tenho, são as Galalanthus woronowii e G. plicatus, também elas introduzidas pela primeira vez este ano no jardim e aguardo para ver como se vão comportar nos próximos. É ainda cedo para formar uma ideia mais fundamentada sobre o seu cultivo e a sua rusticidade entre nós. Para quem quiser experimentar outros parentes próximos destas plantas, temos as Leucojum aestivum, essas sim, comprovadamente dão-se bem por cá e também elas, de forma bastante elegante, podem ser combinadas com as Helleborus.