Início de Janeiro no Jardim

Helleborus x balardiae

O Inverno a sério começa sempre em Janeiro mas, por vezes é Novembro que abre a porta às temperaturas baixas no jardim, coisa que este ano não aconteceu. Tivemos mesmo que esperar até Janeiro para ter os primeiros valores negativos e as primeiras geadas consistentes, ainda assim este está a ser um ano tendencialmente ameno. 

Muitas das plantas que tenho apreciam o frio, algumas crescem bem melhor com o frio, é o caso notório das Helleborus cujas as hastes florais respondem ao tempo frio com um melhor crescimento e uma melhor dinâmica geral da planta. Mas, também algumas bolbosas convém estarem sujeitas ao frio para efectuarem uma dormência correcta e sobretudo para não despertarem dela em alturas indesejadas. Por vezes, acontece no nosso clima termos bolbos fora de tempo, geralmente florindo precocemente e isso tantas vezes estraga-nos os planos das combinações de flores que programamos. Também algumas árvores fruteiras necessitam de horas de frio durante esta altura do ano para se obterem os melhores resultados durante a frutificação. É então bom de ver que o frio faz falta no jardim e um Janeiro com temperaturas baixas é bastante desejável. Estamos no tempo do frio, há também que o saber apreciar! 

 Cyclamen coum

Primeiro dos Galanthus elwesii

Primeira haste do  Helleborus x hybridus 'Harvington Shades of Night'

Helleborus x ballardiae e Euphorbia martinii

 Janeiro no spring garden

E o Inverno começa, como sempre, por revelar pequenas gemas, pequenos sinais floridos da evolução para a estação mais favorável e dentro destes os pequenos bolbos são sempre das que mais expectativa geram em mim. É pois o caso da Cyclamen coum, um pequeno cormo da família primulácea que eu adoro e que tem origem na zona do Mar Negro até ao sul da Turquia, com tendência a viver em zonas de clima mais temperado do que mediterrâneo. É uma planta lindíssima, que fica bem em qualquer jardim de Primavera e que se vê geralmente acompanhado pelas belas Galanthus nivalis. Este ano as minhas G. nivalis ainda não decidiram aparecer, mas estou a cultivar pela primeira vez a Galanthus elwesii e essa sim já começou a surgir da terra, mostrando a sua bela flor ao sol de Janeiro. A Galanthus elwesii supostamente adapta-se melhor a condições mediterrâneas do que outras espécies mais meridionais, como a G. nivalis, têm distribuição natural na Grécia e partes da Turquia e por isso mesmo parece conviver melhor com a secura de um verão mais longo. No entanto eu não estou disposto a testar os limites desta planta, pois sei que mesmo na Grécia ela vive em florestas caducifolias, com muita matéria orgânica disponível no solo e também em zonas frescas e com alguma altitude, por isso há que ter em mente este tipo de habitat e de alguma forma tentar reproduzir essas condições em cultivo. 

Mas, o que seria o Inverno sem os Helleborus? Esta é a altura deles e aparecem todos os dias novas hastes de flor a despontar. Para já, foi como sempre o H. x ballardiae que decidiu abrir o show, mostrando as suas flores rosadas e frescas. E que bem que ficam na companhia da bela Euphobia martinii, cujos caules têm uma cor semelhante aos deste helebóro. Quase em simultâneo acabou por florir também um dos meus H. x hybridus preferido, o "Shades of Night" cujas flores escuras são sempre uma surpresa. Assim, aos poucos, a "Helleborus' walk" volta à vida e ao seu propósito maior, que é o de fazer brilhar a minha colecção de Helleborus, valorizando cada espécie ou cultivar destas interessantes plantas.